Fome ou vontade de comer?
A nossa alimentação não tem como única função a supressão de necessidades energéticas. Como seres sociais que somos, entram na equação as questões emocionais e sociais. Caso contrário, refeições fora de casa, com amigos ou até naqueles dias mais difíceis não teriam qualquer repercussão na alimentação, tanto na quantidade, como na qualidade.
Assim, pode-se falar de fome fisiológica/física que é dependente das nossas necessidades e que apresenta sinais físicos (como o desconforto abdominal, vazio, fraqueza, dor de cabeça, entre outros). Neste caso, a ingestão alimentar consegue ser ponderada e intencional.
Já a fome emocional é independente da necessidade fisiológica e não apresenta sinais físicos, está, sim, dependente do nosso estado emocional (quando comemos as nossas emoções). Caracteriza-se por uma vontade súbita de comer, muitas vezes como um mecanismo de recompensa de emoções mais negativas. Normalmente há uma preferência por alimentos ricos em hidratos de carbono simples, gordura e sal, alimentos que ofereçam uma sensação de conforto e bem-estar. Este sentimento positivo acaba por ser momentâneo e pode transformar-se num sentimento de culpa e arrependimento.
Este comportamento pode ser algo pontual, mas pode retratar/evoluir para um cenário mais complexo, como a de um distúrbio alimentar.
Uma situação é comer o docinho, o fast-food (ou outra opção menos equilibrada) num jantar, num convívio, porque naquele dia apetece, porque é mais uma exceção do que regra; outra é quando estes alimentos servem como compensação de estados negativos.
Além de ser importante descobrir a causa emocional deste comportamento, ficam, também, algumas estratégias para evitar o descontrolo. Não existindo uma estratégia padrão/ ideal para todos, cada um deve explorar e encontrar a sua:
- Definir e manter horários de refeições
- Fazer refeições completas, em detrimento de ir petiscando
- Fazer lista de compras e planeamento das refeições
- Ter uma rotina de sono
- Prática de exercício físico regular
- Evitar ter em casa / acessíveis alimentos ricos em gordura, açúcar e sal, aqueles que sejam maior gatilho para este comportamento
- Descobrir distrações alternativas à comida: exercício, leitura, meditação, conversa, filme, passeio, novo hobby
Inês Santos