O Personal Trainer e as Crianças: Será um serviço só para adultos?

Atualmente, cada vez mais crianças têm dificuldades motoras, realizam pouco exercício físico e têm mais excesso de peso. As dificuldades motoras surgem porque no âmbito escolar, nem sempre são desenvolvidas as capacidades motoras bases, como por exemplo a coordenação. A pouca atividade que exercem deve-se ao facto de neste momento a tecnologia se sobrepor a um simples passeio em família. Toda a educação começa em casa e os pequenos detalhes devem ser desde tenra idade mostrados.

Nos nossos dias, a obesidade infantil e a falta de atividade adequada para as crianças torna cada vez mais comum a procura por um serviço especializado. É dinheiro que se investe para um serviço que deve ser de excelência, uma vez que lidamos com a vida e a saúde de uma pessoa, neste caso, criança/jovem em período de desenvolvimento.

No entanto, a preocupação dos pais é se a criança deve treinar como um adulto e se realiza os mesmos exercícios. A resposta é claramente, NÃO!
Uma criança tem estrutura óssea diferente de um adulto. A sua maturação, o seu metabolismo e a sua composição hormonal são diferentes de um adulto. A prioridade é focar nos pilares de movimento e desenvolve-los! Aprimorar, corrigir e divertir são os fatores que devemos seguir para levar ao sucesso da pequenada.

Por isso, este serviço é ainda mais útil e deveras importante para as crianças e jovens. Acima de tudo e o mais importante: permite que estejam ativos e que se mexam, recorrendo a exercícios dinâmicos, com o peso corporal, brincadeiras e jogos com bases coordenativas, entre outros. É importante que a criança tenha, acima de tudo, capacidade de orientação espacial, consiga locomover-se e realizar as atividades da vida diária com facilidade, questões propícias da idade.

Para que tudo esteja na perfeita simbiose, também a alimentação deve ser controlada. O que acontece atualmente, é que as crianças estão a ingerir uma quantidade exorbitante de açucares, o que leva para além de problemas como a obesidade, também a diabetes. No ramo da nutrição, deve ser procurado um profissional competente e, ao longo de todo o processo, deve haver uma partilha entre o profissional de exercício, o nutricionista, pais e criança sobre a rotina da mesma. Os pais, principais responsáveis da entrada de alimentos na vida da criança, devem ser sensibilizados para aquilo que devem comer e evitar. Horas de sono são também importantes para que haja este equilíbrio.

É cada vez mais comum encontrarmos crianças diabéticas e hipertensas. A solução para esse público é encontrar atividades que gostem, que não se sintam obrigados e que façam de forma prazerosa. A nossa principal função, enquanto especialistas da área do exercício físico, é promover o crescimento saudável da criança, de forma a corrigir possíveis más posturas e desenvolver algumas capacidades, tais como: a velocidade, coordenação, agilidade e flexibilidade.

E quanto ao trabalho de força?

Será que uma criança pode realizar trabalho de força? Dependendo do objetivo do treino, o trabalho a executar, a carga utilizada e a postura, com o devido acompanhamento, sim pode!

Ora vamos pensar: as nossas crianças, neste momento, suportam pesos nas mochilas que carregam para a escola diariamente que nem calculamos! Peso esse que é suportado muitas vezes por uma coluna cervical com deformações que são passiveis de correção.

Em relação a um adulto, as cargas são diferentes, a exigência é diferente, pelo que tudo tem de ser adaptado para uma criança. Com o devido acompanhamento, por um profissional que sabe o que está a fazer, nenhuma criança irá ficar com problemas articulares se o trabalho executado for bem realizado. Uma parte fundamental do treino com crianças é a vertente lúdica. Acima de tudo ela tem de se divertir!

Contudo, o treino deve focar as vertentes acima mencionadas (flexibilidade, velocidade), a força é só e apenas uma componente do treino, que serve para desenvolver a criança como um ser humano saudável e feliz.

Boas leituras! Bons treinos!

Catarina Pinhal